Cultura & Identidade: Egípcio e israelita
O deserto é profético: O povo escolhido saiu do Egito e vai morar no “Deserto”.
“Gosto não retroage”. — Thiago Nigro
Dificilmente ouvirá alguém dizer que está tudo bem após morar numa mansão, ter tudo do bom e do melhor, e ter que mudar para uma kitnet. Viver uma vida próspera financeiramente por 40 anos, e depois falar que está tudo bem e nada mudou. São degraus difíceis para qualquer pessoa descer. Os pensamentos e hábitos não mudam do dia para a noite. Isso demora, leva tempo, a depender, anos para habituar-se.
Durante anos vivendo uma vida boa, com luxos, prazeres e desejos satisfeitos. De repente, você começa a viver uma vida no Deserto. É difícil sair do luxo e viver no deserto de uma hora para outra. É doído. Exige uma mudança radical no corpo, alma e no espírito.
ÊXODO DE ISRAEL DO EGITO
“Foi o que aconteceu com o Povo de Israel após o Êxodo do Egito”.
Após 400 anos, os hebreus já eram estabelecidos dentro sociedade egípcia da época por gerações, e viviam bem — Tinham de tudo: boas roupas, casas, boa comida, festas, amigos… Toda a dinâmica cultural de uma cidade grande. Porém, os hebreus eram estabelecidos na sociedade egípcia no status de escravos. — Comiam e viviam muito bem. Porém, ainda eram escravos e sofriam muito com o julgo do Faraó.
“Então os egípcios, com tirania, escravizaram os filhos de Israel e lhes amargaram a vida com dura servidão: preparar o barro, fabricar tijolos e fazer todo tipo de trabalho no campo. Todo este serviço lhes era imposto com tirania”. — Exôdo 1:13-14
Passado as 4 gerações pela quais, Deus havia dito que o povo iria perecer como escravo no Egito. — Já era hora do Deus Altíssimo entrar em ação.
Apesar dos hebreus passarem quatro séculos vivendo no Egito, ainda havia aqueles que guardavam os estatutos e as promessas de Deus, ainda havia aqueles remanescentes fiéis. Então, o Povo de Israel clamou e o Senhor Deus lembrou-se da promessa que fizera a Abraão. Só então, após o forte clamor do povo, o Senhor chama Moisés para libertar o seu povo do Egito com grandes sinais e mão forte.
“Decorridos muitos dias, o rei do Egito morreu. Os filhos de Israel gemiam por causa da sua escravidão. Eles clamaram, e o seu clamor chegou até Deus. Deus ouviu o gemido deles e lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó. E Deus viu os filhos de Israel e atentou para a situação deles”. — Exôdo 2:23-25
No entanto, os israelitas deram tanto trabalho para Deus depois que saíram do Egito. Eles ainda continuaram com a mentalidade de escravos.
“Foi mais fácil tirar o povo do Egito, que tirar o Egito do povo”.
DE QUE VALE OS TESOUROS SE NÃO TEM O CÉU.
“A maior transferência de riqueza aconteceu antes do povo de Israel sair do Egito”.
Deus concedeu favor aos israelitas diante dos egípcios que deram suas riquezas para o povo de Israel. No entanto, o ouro do Egito de nada valia no deserto para onde eles iriam morar. Eles não podiam comprar nada. — Porque antes de depender da terra, precisavam depender do céu.
“Os filhos de Israel fizeram conforme a palavra de Moisés e pediram aos egípcios objetos de prata, objetos de ouro e roupas. E o Senhor fez com que o seu povo encontrasse favor da parte dos egípcios, de maneira que estes lhes davam o que pediam. E despojaram os egípcios”. — Exôdo 12:35-36
RICOS DE CORAÇÃO INCIRCUNCISO
O ouro dos egípcios de nada valia no deserto para os israelitas, mas um povo rebelde e de coração incircunciso sempre irá achar uma maneira de utilizar seus recursos para satisfazer os desejos da carne. Quando eles achavam que ninguém estava vendo, eles mostraram quem realmente eram — Egípcios e não Israel.
Quando Moisés subiu ao monte para receber as leis e os estatutos do Senhor (Êxodo do 20 ao 31), o povo depressa desviou-se do caminho que o Senhor lhes havia ordenado.
O povo viu que Moisés demorava para descer do monte. Então reuniu-se em volta de Arão e lhe disse: — Levante-se, faça para nós deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. Arão respondeu: — Tirem as argolas de ouro das orelhas de suas mulheres, de seus filhos e de suas filhas e tragam para mim.
Então todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. Este, recebendo-as das mãos deles, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro de metal fundido. Então disseram: — São estes, ó Israel, os seus deuses, que tiraram você da terra do Egito. Arão, vendo isso, edificou um altar diante do bezerro e fez a seguinte proclamação: — Amanhã haverá festa ao Senhor.
No dia seguinte, madrugaram, ofereceram holocaustos e trouxeram ofertas pacíficas. E o povo sentou-se para comer e beber e levantou-se para se divertir. Então o Senhor disse a Moisés: — Vá, desça; porque o seu povo, o povo que você tirou do Egito, se corrompeu e depressa se desviou do caminho que eu lhe havia ordenado; fez para si um bezerro de metal fundido, o adorou e lhe ofereceu sacrifícios, dizendo: “São estes, ó Israel, os seus deuses, que tiraram você da terra do Egito”. — Êxodo 32:1-8
O ouro, que não tinha serventia nenhuma, ganhou um propósito. Porém, um errado; que não agradava o Senhor.
NECESSIDADE DE METANOIA
Aliás, antes, o povo precisava sofrer uma metanoia (mudança de mente), mudar o pensamento, o mindset. Eles continuaram agindo e pensando como escravos mesmo estando livres. Pois, no deserto, mesmo sendo supridos por Deus com o maná, eles ainda estavam sentindo saudades do Egito, saudades da comida.
A FOME E O SOFRIMENTO FAZEM O POVO ESQUECER DAS PROMESSAS
Constantemente questionavam Moisés do porquê eles estavam passando por aquela situação. — Porque nos trouxe para esse lugar, para morrer? Um lugar onde não tem comida e nem água. Então, Deus lançou uma praga no meio do arraial do povo de israel.
“Então os israelitas partiram do monte Hor, pelo caminho do mar Vermelho, para rodear a terra de Edom. Mas o povo se tornou impaciente no caminho e falou contra Deus e contra Moisés, dizendo: — Por que vocês nos tiraram do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água? Já estamos enjoados dessa comida ruim.
Então o Senhor mandou para o meio do povo cobras venenosas, que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel”. — Números 21:4-6
Tinham fome e lembravam das comidas do Egito. Por isso, Deus lançou praga entre o povo. Se queixavam o tempo inteiro, do porquê estavam vivendo naquele deserto?
“O povo se queixou de sua sorte aos ouvidos do Senhor. Quando o Senhor ouviu as reclamações, sua ira se acendeu, e fogo do Senhor ardeu entre eles e consumiu algumas extremidades do arraial. Então o povo clamou a Moisés. Este orou ao Senhor, e o fogo se apagou. Por isso aquele lugar foi chamado de Taberá, porque o fogo do Senhor se havia acendido entre eles.
Um bando de estranhos que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios. Também os filhos de Israel começaram a chorar outra vez, dizendo:
— Quem nos dará carne para comer? Lembramos dos peixes que comíamos de graça no Egito. Que saudade dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos! Mas agora a nossa alma está seca, e não vemos nada a não ser este maná”. — Números 11:1-6
Cultura & Identidade — Se você não sabe de onde vem, não sabe para onde vai?
EXEMPLOS DE CULTURA
“Um bando de estranhos que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios”.
Um experimento científico já provou que quando dois ratos ficam isolados numa gaiola por muitos dias sem comida, eles continuam amigáveis apesar do forte estresse causado pela fome. Porém, inserido um terceiro animal estranho, de outra espécie, na gaiola. Os animais começam a devorar mutualmente, uns aos outros.
“Fome e sede, essas foram as principais queixas do povo no deserto”.
“Foi mais fácil tirar o povo do Egito, que tirar o Egito de dentro do Povo”.
Conhecendo alguma coisa sobre cultura e processo de estabelecimento de cultura. Posso dizer com autoridade que:
Era necessário que o povo escolhido por Deus passasse por todo esse processo no deserto. Assim como o milho na panela de pressão revela quem realmente é, e seu propósito, assim o povo precisava do deserto para Deus retirar o corpo estranho do meio do seu povo. Foram quarenta anos de um processo de estabelecimento de cultura. Isso é mais do que tempo necessário para estabelecer uma cultura forte numa comunidade. Afinal, quando o povo saiu do Egito, muitos egípcios e povos de outras culturas saíram com o povo de Israel também. Podemos ter essa certeza quando lemos “Um bando de estranhos que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios”.
EXEMPLOS IDENTIDADE
Não eram todos do povo que não haviam entendido as promessas de Deus. Josué e Calebe são exemplos de dois indivíduos que conheciam e entendiam do caráter de Deus. — Dentre todos os 12 espias, os dois foram os únicos que voltaram de observar a terra prometida e afirmaram que a terra era muitíssimo boa e que povo poderia tomar posse dela, e que não havia motivos para temer os gigantes que moravam lá. Pois, o senhor Deus já havia dado a vitória ao povo e destruído as defesas do inimigo.
Josué e Calebe foram o exemplo de que a disciplina do deserto os fizeram entender quem eles eram, a quem eles pertenciam e sabiam muito bem para onde eles estavam indo. A disciplina do deserto fortaleceu por completo suas identidades.
Por isso, o deserto é profético. O deserto é a escola de Deus. É para onde Jesus também foi, guiado pelo próprio Espírito de Deus em Lucas 4:
“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome”. — Lucas 4:1-2
Jesus é nosso modelo, a imagem, a quem devemos imitar em todos os aspectos. Principalmente, imitar e refletir o seu caráter.
No deserto, assim como o povo de Israel, Jesus sofreu os 3 níveis de tentação/provação e sai vencedor nelas todas:
O primeiro nível: Tentação no corpo/carne
"Então o diabo disse a Jesus:
— Se você é o Filho de Deus, mande que esta pedra se transforme em pão.
Mas Jesus lhe respondeu:
— Está escrito: “O ser humano não viverá só de pão.”
O segundo nível: Tentação na alma
Então o diabo o levou para um lugar mais alto e num instante lhe mostrou todos os reinos do mundo. E disse:
— Eu lhe darei todo este poder e a glória destes reinos, porque isso me foi entregue, e posso dar a quem eu quiser. Portanto, se você me adorar, tudo isso será seu.
Mas Jesus respondeu: — Está escrito: “Adore o Senhor, seu Deus, e preste culto somente a ele.”
O terceiro nível: A tentação no Espírito
Então o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse:
— Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo, porque está escrito: “Aos seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o guardem.” 11E: “Eles o sustentarão nas suas mãos, para que você não tropece em alguma pedra.”
Jesus respondeu ao diabo:
— Também foi dito: “Não ponha à prova o Senhor, seu Deus.”
Tendo concluído todas as tentações, o diabo afastou-se de Jesus, até momento oportuno.
“Não fujamos do deserto. Lá é o lugar onde Deus disciplina aqueles que ama”.